sexta-feira, 11 de março de 2011

Iniciativas priorizam a agricultura familiar e o desenvolvimento sustentável




A Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes (APACC) desenvolve no município de Cametá, junto à comunidade, duas tecnologias sociais certificadas pela Fundação Banco do Brasil. A associação, que trabalha em várias linhas, prioriza a agricultura familiar e o desenvolvimento sustentável, com enfoque na agroecologia, entendida não apenas como um modo de produção, mas uma forma de organizar a comunidade. As atividades em Cametá, na região do Baixo Tocantins, são desenvolvidas desde o ano 2000, com o apoio da União Europeia.
A tecnologia Redes Locais Tecendo Saberes Agroecológicos visa à formação dos agricultores e agroextrativistas e a valorização de seus saberes, através da experimentação e produção, planejamento, multiplicação e uso sustentável dos recursos naturais da região. As inovações desenvolvidas são repassadas a outras famílias da comunidade pela Rede de Agricultores Multiplicadores, composta por cerca de 100 multiplicadores que repassam o conhecimento a cinco mil famílias.
A associação trabalha com formação nas comunidades, a partir de um diagnóstico das fragilidades. Em Cametá, as temáticas elegidas foram o açaí, a criação de peixes em cativeiro, bem como a de abelhas, cultivo de plantas medicinais, de mandioca, produção de farinha e camarão, além de formação em saúde preventiva.
"A nossa prática é de experimentar os processos junto à comunidade, respeitando os conhecimentos tradicionais. Não queremos difundir ‘pacotes tecnológicos', mas sim uma gestão e planejamento participativos da propriedade, multiplicação e uso sustentável dos recursos naturais da região, o que deve incluir uma visão integrada de homem/mulher e meio ambiente”, detalha o coordenador executivo da APACC, Franquismar Marciel. De 2000 a 2003, 1.500 famílias participaram da formação, divididas em grupos.
Já a tecnologia ‘Aprimorando o Manejo de Açaizais Nativos' experimentou inovações para a melhora da produção, que era muito baixa. Franquismar conta que a comunidade das ilhas (ou vargens) trabalhava com o açaí nativo, mas a falta de formação gerava muitas perdas.
Hoje, 70% da comunidade faz uso das novas tecnologias, em 13.500 hectares. A experimentação começou com um hectare apenas e chegou a soluções como utilizar adubo orgânico, do próprio açaizal, fazer sombreamento adequado, não derrubar árvores nativas para replantar, dentre outras.
A comunidade ganhou em produção, o que gerou mais renda, e investiu também em diversificação das culturas, garantindo a segurança alimentar. O período de produção do açaí foi prolongado em até três meses e houve melhoria na qualidade dos frutos. Foram criadas cooperativas locais para a comercialização e a conscientização das famílias sobre o cuidado com a floresta.
Em maio deste ano, a APACC realizará uma feira de economia solidária na cidade de Limoeiro do Ajuru e, em novembro, uma feira em Cametá, envolvendo 11 municípios, em parceria com sindicatos, prefeituras, ONGs e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), regional Norte 2.

http://www.rts.org.br/noticias/destaque-3/associacao-do-para-desenvolve-ts-no-campo

Por Camila Queiroz
Fonte: Adital (Publicado em 2/3/2011)

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