quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Política:
A democracia sem-vergonha
“Um retrato do pensamento da direita no Brasil?”
A agressão verbal promovida por José Serra, candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, contra um repórter no exercício da profissão traz à tona, mais uma vez e com contornos bem definidos, o pensamento de uma das vozes mais conhecidas da política brasileira sobre os limites da democracia. Ao chamar de “sem-vergonha” o repórter da Rede Brasil Atual, o tucano sintetiza a noção de um segmento da classe política brasileira que acredita que o regime democrático é bom apenas até o ponto em que a liberdade de imprensa está sob controle. Daí para frente, a estratégia consiste em apelar à mistificação e à baixaria.
O episódio coloca em debate novamente a necessidade de que entrevistados em geral – e políticos em particular – aprendam a lidar com o surgimento de novas vozes na imprensa brasileira que nem sempre lhes soam agradáveis. A réplica do repórter ao questionamento de Serra sobre seu veículo de origem pode soar petulante, ou, como classificou o candidato, “agressiva”, mas é perfeita: “Interessa?” Ora, se uma figura pública, seja qual for, almeja ser o prefeito de toda a população de uma cidade, pode se reservar o direito de responder apenas às perguntas que deseje? Ou, como parece natural à democracia, submete-se ao exercício do contraditório, apostando que a indagação promovida por um repórter pode, por incômoda que pareça ser aquela que um cidadão gostaria de fazer? - João Peres

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