sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Bida é condenado a 30 anos de prisão
Sentença foi anunciada depois de 15 horas de julgamento

Depois de 15 horas de julgamento, pouco antes da meia noite de quinta-feira, 19, o juiz Raimundo Moisés Alves Flexa, presidente do 2º Tribunal do Júri de Belém, proferiu a sentença condenatória de Vitalmiro Bastos Moura, conhecido por Bida, 43 anos, fazendeiro acusado de ter encomendado a morte da missionária Dorothy Mae Stang, 73 anos. A pena de 30 anos, por crime duplamente qualificado, será cumprida em regime inicial fechado. O juiz considerou que o fazendeiro articulou a morte da religiosa de "forma fria, corvarde e premeditada", colocando questões patrimoniais e territoriais acima da vida de Dorothy. O condenado tambén terá que arcar com o pagamento das custas do processo.
O crime ocorreu em 12 de fevereiro de 2005, no município de Anapú. Conforme apuração do caso, a motivação seria o interesse dos fazendeiros na área de terras destinada a assentamento de colonos, para implantação do Projeto de desenvolvimento Sustentável (PDS), coordenado pela missionária.
Este foi o quarto julgamento de Vitalmiro. No primeiro, que ocorreu em 2007, ele foi condenado a 30 anos de prisão, mas naquele ano, quem recebia pena superior a 20 anos tinha direito a um novo júri, e Bida voltou ao banco dos réus em maio de 2008, sendo absolvido. O Ministério Público recorreu da sentença e o julgamento foi anulado. Novo júri foi marcado para março de 2010 e adiado para abril do mesmo ano porque a defesa do fazendeiro não compareceu ao julgamento. No terceiro julgamento, Bida foi condenado novamente a 30 anos de prisão.
Após o anúncio da sentença amigos e integrantes de movimentos sociais que acompanharam o júri festejaram a decisão dos jurados, que por maioria dos votos, acolheram a tese sustentada pelo promotor de justiça Edson Souza, de que o fazendeiro é coautor de homicídio duplamente qualificado.  
A sessão do júri foi aberta por volta das 08h da manhã desta quinta-feira, no salão do júri do Fórum de Belém, sob a presidência do juiz Raimundo Frexa.  O plenário, com capacidade de 170 poltronas, não foi suficiente para o número de pessoas que vieram de Anapu, Pacajá e cidades adjacentes para assistir ao julgamento. 
Durante a manhã os jurados ouviram depoimentos das oito testemunhas apresentadas,  três delas arroladas pela acusação e as demais pela defesa do réu. Um dos depoentes foi o delegado da Policial Civil, Waldir Freire Cardoso, que presidiu o inquérito policial.  Ele ratificou a conclusão da investigação policial que chegou aos mandantes da morte da missionária.
Uma das testemunhas da defesa do réu foi o ex-policial federal condenado por fraude pela Justiça Federal, que cumpre pena de prisão em regime fechado. O ex-agente federal Fernando Luiz da Silva Raiol afirmou ter sido segurança de Dorothy.  Ele disse que durante as investigações, por ocasião do depoimento de Vitalmiro Moura na polícia Federal, teria sido declarado que o policial Marcelo Luz é quem teria repassado a arma usada no crime para Amair Feijoli Cunha, Tato, que por sua vez repassou a Rayfran Sales.
Ao depor, Feijoli Cunha alegou ter sofrido pressão para se beneficiar com a delação premiada, incriminando os fazendeiros de terem encomendando a morte de Dorothy Stang. Tato disse ter sido pressionado pelos promotores públicos e por sua advogada de defesa. Raifran Sales também procurou beneficiar o fazendeiro e negou os primeiros depoimentos prestados à Justiça.
O fazendeiro Vitalmiro Moura foi interrogado primeiramente pelo juiz presidente da sessão e em seguida pelo promotor de justiça Edson Souza. Após respodner às perguntas da promotoria de justiça, Bida passou então a responder aos seus advogados de defesa, Eduardo Imbiriba seguido de Arnaldo Lopes.
Debates - A promotoria de justiça e advogados de defesa tiveram,  na  primeira etapa das sustentações orais, iniciada às17h15, um total de quatro horas para convencerem os jurados de suas teses. O primeiro a se manifestar na tribuna foi o promotor de justiça. Ele ratifica a acusação de que o réu é um dos mandantes e pagaria juntamente com Regivaldo Galvão a quantia de 50 mil para  matar a irmã Dorothy.
Os advogados de defesa do réu, Eduardo Imbiriba e Arnaldo Lopes de Paula, se manifestaram em seguida, pelo  mesmo tempo, de uma hora e meia para sustentar a tese defensiva de negativa de autoria e insuficiencia de provas. Em seguida as partes retornaram à tribuna para réplica tréplica e reforçaram as sustentaçõeshttp://www.tjpa.jus.br/PortalExterno/imprensa/noticias/Informes/202-Bida-e-condenado-a-30-anos-de-prisao.xhtml
Fonte: Coordenadoria de Imprensa
Texto: João Vital e Glória Lima
Foto: Ricardo Lima


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