terça-feira, 3 de junho de 2014

XINGUARA:
Professores em greve de fome

 POR  http://www.hiroshibogea.com.br/em-greve-de-fome




Poliana Arantes, integrante do grupo de nove educadores em greve de fome, revela que o movimento superou 25 horas, “e só estamos consumindo líquidos, como água, água de coco e chá sem açúcar”.
Entre os nove grevistas, encontra-se Willian   Antonio Silva, coordenador geral  do Sintepp estadual, que se deslocou até Xinguara para dar apoio ao movimento.
Hoje pela manhã, a professora Marly Moreira dos Santos , mãe de  um bebê de onze meses, passou mal, depois de amamentar o filho (foto acima). Como nas últimas 24 horas a grevista vem se alimentando apenas com líquido, seu organismo reagiu negativamente à falta de  nutrientes, mas mesmo assim, a jovem mãe se esforça para manter-se unida aos grevistas, e, ao mesmo tempo, alimentar o bebê.
Ou seja, duas situações distintas: a mãe restringindo sua alimentação, e, simultaneamente, tentando alimentar o filho.
Embora a greve dos professores de Xinguara tenha sido considerada legal pela Justiça do município, e, posteriormente,  referendada pelo Tribunal de Justiça do Estado, um fato novo veio contribuir para a radicalização do movimento grevista: uma tal recomendação do promotor de Justiça Renato Belini de Oliveira Costa, sugerindo à Prefeitura de Xinguara o corte de ponto dos grevistas,  contratação de substitutos, abertura de processo administrativo, e redução de carga horária.
A  “recomendação” surgiu como sentença.
Mais que depressa, o prefeito  Osvaldo Assunção, do PMDB, soltou o verbo, ameaçando e coagindo.
Uma das ameaças é a de transferir, para locais bem distantes da sede do município, os grevistas.
Totalmente despreparado para encarar movimento da dimensão do registrado em Xinguara, o prefeito recorre às velhas práticas do coronelismo,  proibindo qualquer tipo de reatamento de conversações com os educadores e, tal qual ditador de riachão,  mostra o chicote.
Provando que com ele vale a lei do mais forte, Oswaldo Assunção determinou à secretaria de Educação jogasse também pesado.
Hoje, contracheques  do pessoal de apoio de greve, apareceu  zerado, enquanto professores em greve  receberam apenas 100 horas
Depois de pedir a ilegalidade da greve, num primeiro instante, o promotor Beline viu suas pretensões serem negadas.
Inicialmente, pelo juiz da Comarca.
Depois, pelo próprio TJE.
No dia 13 de maio o Desembargador Ricardo Ferreira Nunes, negou a o pedido de liminar feito pela prefeitura municipal de Xinguara, entendendo pela legalidade do movimento.
O promotor, ao invés de seguir determinação do TJE,  abriu espaço para o prefeito fechar qualquer tipo de gesto que pudesse serenar os ânimos, ao publicar a graciosa “recomendação”.
O promotor Renato Beline agora é visto como “aliado” do prefeito, provocando a ira dos professores e, ao mesmo tempo, unindo em torno da greve diversas entidades de classe.
Treze entidades assinaram Nota de Repúdio ao promotor, apontando a atitude dele de “abusiva, equivocada, indigna, servil, partidária e desastrosa em relação à greve dos trabalhadores em educação do município”.
A seguir, íntegra da Nota de Repúdio assinada por entidades de Xinguara:
  NOTA REPÚDIO
Os sindicatos e movimentos sócias de Xinguara abaixo relacionados, vem a público manifestar  seu repúdio ao promotor público Renato Beline pela sua atitude, abusiva,  equivocada, indigna, servil, partidária e desastrosa em relação à greve dos trabalhadores em educação do município. Atitude que em vez de resolver o grave problema social causado pela greve, tem contribuído para a continuidade de uma paralisação que alonga por quase dois meses.
A greve é justa porque se justifica pela pauta legítima que reivindica direitos sagrados da categoria tais com aplicação justa dos recursos do FUNDEB, merenda escolar de qualidade, transparência na aplicação dos recursos e outros. É legal porque se assenta no cumprimento rigoroso da lei de greve e, sobretudo, com decisão judicia favorável sentenciada pelo juiz da comarca e pelo tribunal de justiça do estado.

O promotor Renato Beline, fazendo jus ao nome “promotor de justiça” longe de tomar partido ao lado do prefeito municipal’ tentando  coagir a  categoria a findar  a greve com uma sequencia de ameaças  abusa de  seu poder e se torna um promotor de injustiças sócias. Ele, o servidor público Renato Beline que ora ocupa o cargo de promotor em Xinguara, deveria estar exigindo do prefeito municipal a transparência exigida por lei publicando a aplicação dos recursos do Fundo, apurando as improbidade administrativas com  funcionários de confiança sendo pagos pela folha de pagamento do FUNDEB; deveria ajuizar contra o prefeito para que aplicasse a lei  constitucional que garante isonomia aos servidores na revisão salarial anual, deveria,  como protetor do injustiçados, vigiar para garantir, no  mínimo, que o reajuste  contemplasse a perda real de salário em decorrência do índice oficial inflacionário;  deveria, sobretudo,  como promotor de “justiça” garantir que os direitos  previstos na ” de greve” fossem garantidos e denunciar o prefeito municipal pelo abuso de poder, ameaças e perseguições e crimes em relação a lei do FUNDEB e pela sequencia de desobediências  às decisões judiciais.

É uma atitude equivocada em relação a lei, indigna do ministério público, abusiva em relação a competência do mandatário,  servil ante o governo municipal  e desastrosa quanto as consequências praticas para resolver o problema. Com tal postura o promotor Renato Beline tem sido corresponsável para a continuidade da greve oferecendo um pseudo suporte para o prefeito municipal não negociar com a categoria.

Xinguara/PA, 02 de junho de 2014.
Assinam esta nota: SINTEPP – Subsede de Xinguara
Apoiam esta Nota: Coordenação estadual do Sintepp – Sintepp/Regional Sul – Comissão De Direitos Humanos da OAB/Xinguara/ Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos – Comissão Pastoral da Terra – Sindsaúde/Regional Sul – Associação de Moradores do Setor Marajoara II – Associação dos Moradores do Setor Itamarati – Associação dos Moradores do Setor Tanaka – Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xinguara – Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Projeto Casulo – Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente – Pastoral da Juventude da Diocese de Conceição do Araguaia – Pastoral da Juventude de Xinguara -
 
A GREVE
Prestes a completar dois meses em greve, e dado o fechamento de todos os canais de negociação por parte do prefeito do município, os trabalhadores em educação de Xinguara, definiram iniciar a greve de fome, ontem, 2.
A decisão dos educadores vem em resposta a recomendação do MPE (Promotor Renato Belini) ao gestor municipal que diz: 1- corte de ponto de 50% da remuneração dos trabalhadores em educação em greve, 2- contratação de professores substituto (70% dos contratados não possui habilitação para o exercício do magistério), 3- abertura de processo administrativo a todos os grevistas, 4- Depósito em juízo dos salários.
O Sintepp lembra que a greve permanece sem resolução pelas perdas nas garantias de direitos adquiridos pelos trabalhadores, como o quinquênio referente ao período de 2002 a 2014; o reajuste salarial proposto pelo governo no valor de 4%; as perdas ao longo da carreira que já acumulam mais 150% para os profissionais de apoio educacional; e as perdas salariais dos secretários escolares e auxiliares administrativos estão entre as principais reivindicações, juntamente com a demanda de melhoria na qualidade da merenda escolar, nas condições de trabalho e realização de concurso pública para a zona rural.
Esclarece ainda, o Sintepp, que “a tática de agressão e perseguição aos trabalhadores continua sendo estimulada pelo governo e parcialidade do MPE estimula a radicalização dos trabalhadores em educação, tais violências desferidas aos dirigentes sindicais e aos trabalhadores da base que já foram devidamente registradas.”


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.