CUNHA PRESO
Cunha responde o primeiro
interrogatório de Moro. Cunha irá revidar contra Temer?
Preso há cerca de três meses, o deputado
cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara, respondeu nesta
terça-feira, 7, pela primeira vez a um interrogatório em audiência conduzida
pelo juiz Sérgio Moro, que conduz a Operação Lava Jato em Curitiba (PR).
Cunha teria lido uma carta a Sérgio Moro, em que reclamou da falta
de tratamento do seu aneurisma e, escrita a próprio punho do Complexo Médico
Penal, onde se encontra preso. O interrogatório durou cerca de 3h e ele negou
irregularidades, além de dizer que as contas pertencem a trusts (instrumento
jurídico usado para administração de bens e recursos no exterior) e que foram
abastecidas com recurso lícito, segundo a Folha de São Paulo.
Havia expectativa que denunciasse Temer. Poderia Cunha revidar?
Em novembro do ano passado, Moro vetou 21 das 41 perguntas
elaboradas pela defesa do ex-presidente da Câmara a uma das testemunhas
arroladas no processo de Cunha: o golpista Temer. O juiz considerou os
questionamentos inapropriados, já que não há envolvimento de Temer na ação
penal a que Cunha responde.
Uma das perguntas é se Temer foi comunicado por Nestor Cerveró,
ex-diretor da Petrobras, de uma suposta proposta financeira para que ele permanecesse
no cargo na estatal.
O interrogatório de Cunha é considerado o principal ato do
processo penal, pois o juiz já ouviu testemunhas de defesa e acusação. Apesar
das provocações à cúpula do poder em Brasília, Cunha não irá entregar tudo o
que sabe - neste caso, seria mais vantajoso para o ex-parlamentar fazer um
acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. Ele deve se ater
aos questionamentos sobre o processo específico a que responde junto a Moro.
Nessa ação penal, Cunha é acusado de receber propina relacionada a
um negócio da Petrobras em Benin, na África, e mantido o dinheiro em contas
secretas na Suíça com corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
A denúncia foi oferecida pela Procuradoria-Geral da República e
recebida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas desceu para a Justiça federal
quando Cunha perdeu o foro privilegiado por ter o mandato cassado.
Mesmo que seja de se estranhar, primeiramente, o fato de Temer e
Lula terem sido chamados por Cunha para que eles depusessem como testemunhas, o
regente dessa orquestra, Sérgio Moro, cumpre um papel de controlar as delações
do ex-presidente da Câmara para proteger o governo golpista.
Questionada sobre o depoimento, o advogado de Cunha, Marlus Arns,
confirma apenas que o deputado "pretende responder às perguntas do juiz
Sérgio Moro e do Ministério Público Federal". Cunha também pretende fazer,
ao final das perguntas, um discurso duro sobre o que considera abusos da
Operação Lava Jato.
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